terça-feira, 10 de novembro de 2020

 DIA DO PROFESSOR

Uma história que nem todos conhecem que mistura luta contra o racismo, valorização de educadores e da Educação

(Pesquisa em vários sítios)

 Como quase todo mundo sabe, o dia 15 de outubro foi proclamado pela UNESCO como Dia Mundial dos Professores, em 1994, para celebrar a aprovação, em 15 de outubro de 1966, a Recomendação da UNESCO / OIT sobre o Estatuto dos Professores, em cooperação com a OIT, numa conferência intergovernamental especial convocada pela UNESCO e realizada em Paris. O dia do professor é celebrado em todo o Brasil. Mas, quem é a extraordinária heroína brasileira que criou a data? Seus feitos, sua história? Sabem os professores e estudantes algo sobre ela? Ou será que esta personagem fantástica, mulher e negra, foi invisibilizada?

 Poucos sabem sobre uma professora negra de nome Antonieta de Barros, que foi uma parlamentar negra pioneira que criou o Dia do Professor.

 


Antonieta foi uma das três primeiras mulheres eleitas no Brasil naquela época, e sua bandeira política era o poder revolucionário e libertador da educação para todos. Está entre as três primeiras mulheres eleitas no Brasil. A única negra eleita em 1934 deputada estadual por Santa Catarina, mesmo ano que a médica Carlota Pereira de Queirós foi eleita deputada federal por São Paulo. Sete anos antes, Alzira Soriano havia sido eleita prefeita num pequeno município do Rio Grande do Norte, primeiro estado a permitir disputas femininas.

De acordo com a pesquisadora de Florianópolis, Aline Torres, “expoente da ideia ‘anárquica’ de que as mulheres deveriam ter direito ao voto, a bióloga Bertha Lutz trocou inúmeras cartas com Antonieta na década de 1930. Vale lembrar, Antonieta foi eleita menos de meio século após a abolição da escravatura e apenas dois do sufrágio — que deu às mulheres direito ao voto facultativo. Num país fortemente preconceituoso quanto à classe, cor e gênero tinha orgulho de sua história.

Antonieta nasceu em Desterro, como era chamada Florianópolis, no dia 11 de julho de 1901. A mãe era Catarina Waltrich, escrava liberta. No imaginário popular, a verdadeira paternidade estaria ligada à família Ramos, uma das mais tradicionais do Estado. A bandeira política de Antonieta era o poder revolucionário e libertador da educação para todos. O analfabetismo em Santa Catarina, em 1922, época que começou a lecionar era de 65%. Isso que o Estado, sobretudo pela presença alemã, aparecia com um dos índices mais altos de escolarização do país, seguidos por São Paulo.

Segundo conta Karla Leonora Dahse Nunes na sua dissertação de mestrado, Catarina teve três filhos e os sustentava como lavadeira, serviço comum às mulheres negras da época. Também teve, com a ajuda financeira de Vidal Ramos, uma pequena pensão para estudantes. Foram esses jovens que ensinaram as letras tardiamente para a curiosa Antonieta. Alfabetizada, mergulhou por conta própria no universo dos livros.

Professora formada, tinha 17 anos quando fundou o curso particular “Antonieta de Barros”, com o objetivo de combater o analfabetismo de adultos carentes. Sua crença era que a educação era a única arma capaz de libertar os desfavorecidos da servidão. Sua fama de excelente profissional, no entanto, fez com que lecionasse também para a elite nos Colégio Coração de Jesus, Dias Velho e Catarinense. Se existissem barreiras, lá estaria Antonieta para rompê-las.

Sua defesa acirrada pela educação fez com que ocupasse as páginas dos jornais. Além de professora, virou cronista. Não havia outra mulher em posição semelhante no Estado. Em 23 anos de contribuição à imprensa escreveu mais de mil artigos em oito veículos e criou a revista Vida Ilhoa.

De seus opositores nos jornais e nas bancadas, ouviu que “mulheres não deveriam opinar, pois nasceram para servir”, “que a natureza não dá saltos, cada ser deve conservar-se no seu setor, e a finalidade da mulher é ser mãe e ser rainha do lar” e que “não seguisse o exemplo de Anita Garibaldi, uma vagabunda”.

Mas aqueles homens brancos da elite oligárquica e política, não a intimidaram. Antonieta era forte, mulher de fibra. Não havia quem tivesse argumentos para calá-la. As calúnias eram rebatidas com intelecto e destreza nos artigos assinados sob pseudônimo Maria da Ilha. Sua caneta era afrontosa. Escrevia sobre educação, os desmandos políticos e a condição feminina. Dizia que as mulheres não deveriam ser virgens de ideias.

Honesta, enérgica e humana, era respeitada e admirada por seu espírito de justiça. Tinha voz numa época que as mulheres eram silenciadas. Escreveu dois capítulos da Constituição catarinense, sobre Educação e Cultura e Funcionalismo, até ser destituída do cargo pelo golpe de Getúlio Vargas.

Em 1937, publicou o livro Farrapos de Ideias. Os lucros da primeira edição foram doados para construção de uma escola para abrigar crianças, filhas de pais internados no leprosário Colônia Santa Tereza. A obra teve outras duas edições.

Uma das poucas frustrações da carreira de Antonieta foi não ter cursado o ensino superior. Seu sonho era a Faculdade de Direito, exclusiva para homens. Mas na política ela brilhou, foi eleita novamente em 1947. Desde sua vitória, apenas outras 15 mulheres ocuparam uma cadeira na Assembleia de Santa Catarina. Nenhuma negra. Antonieta ainda não teve herdeira de luta.

Por que 15 de outubro?

A primeira grande lei educacional do Brasil foi sancionada por dom Pedro I em 15 de outubro de 1827, um marco para a educação brasileira. A data era comemorada informalmente, mas foi um projeto de Antonieta a lei que criou o Dia do Professor e o feriado escolar nessa data (Lei Nº 145, de 12 de outubro de 1948), em Santa Catarina. A data seria oficializada no país inteiro somente 20 anos depois, em outubro de 1963, pelo presidente da República, João Goulart. Outras leis importantes foram concessões de bolsas de cursos superiores para alunos carentes e concursos para o magistério, para elevar o ensino público e evitar apadrinhamentos.

 “A grandeza da vida, a magnitude da vida, gira em torno da educação”, escreveu em seu livro. Seu nome deveria ser conhecido por cada criança que homenageia seus professores no dia 15 de outubro. Por cada mulher que exerce seu direito ao voto e disputa vagas nas eleições. Por fim, por cada brasileiro que sai às ruas indignado com os preconceitos de cor, classe e gênero.

 ARTIGOS PUBLICADOS NO JORNAL DA SERRA A TÍTULO DE COLABORAÇÃO

Aurélio Carlos Marques de Moura - Reg. MTb-DRT/ES 01235

Democracia Ainda Que Tardia

Li a reportagem do prefeito de Colatina, Sérgio Meneghelli, quando parte de minha admiração por ele foi perdida diante de suas declarações, quando afirmou que não irá dar posse ao seu sucessor. O problema é que me parece ter aí se manifestado uma personalidade egoísta e narcisista.

Ruas Privatizadas

“Passar a faixa”, senhor prefeito, faz parte do ‘jogo’ democrático. E ainda permite um momento, um último momento, em que o prefeito que deixa o cargo faça um balanço de sua atuação perante os seus concidadãos. Lamentável sua posição. Esperemos que reflita e volte atrás nessa triste decisão. Democracia ainda que tardia...

30 de outubro de 2020 - Ano XX - Edição  697

Projeto memorial é abandonado na Serra

Projetado pelo maior arquiteto brasileiro e reconhecido internacionalmente, Oscar Niemayer, o então Memorial Metropolitano apresentado ainda durante o último governo de Sérgio Vidigal (PDT), entre 2004 e 2008, parece ter sido definitivamente abandonado pelo atual governo do prefeito Audífax Barcelos (Rede), que deixa o poder no final deste ano.

O terreno previsto para a implantação do projeto seria na rotatória do Bairro Parque Residencial de Laranjeiras, de 230 metros de diâmetro, com aproximadamente 41 mil metros quadrados, na confluência das avenidas Eudes Scherrer de Souza e Talma Rodrigues, que dá acesso ao Centro Industrial de Vitória e Avenida Paulo Pereira Gomes, ligando à rodovia litorânea ES-010, passando por grandes áreas de expansão imobiliária do município, e dois grandes hospitais estaduais: Jayme Santos Neves e Dr. Dório Silva.

Uma obra no local sinaliza que o prefeito Audífax não quis dar continuidade ao sonho dos moradores do município, principalmente artistas e produtores, pois ali, de acordo com o projeto, teria um grande teatro, mirante, memorial, museu do trabalho, biblioteca, arquivo público municipal, auditório e espaço comercial, com acessibilidade e espaços para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, além de sistemas de ar-condicionado central, captação e reaproveitamento de águas pluviais e aquecimento solar. O acesso ao Memorial seria pelo subsolo.

A Administração da época deixou pronto o projeto conceitual, mas o projeto final ainda precisaria ser concluído, e a obra apresentava um valor preliminar estimado de R$ 70 milhões, segundo afirmou a secretária de Desenvolvimento Urbano (Sedur) na época, Ana Márcia Erler.

A descontinuidade de projetos importantes - e geralmente de longa duração - para a Cidade é um dos principais entraves ao desenvolvimento causados pelos administradores municipais, estaduais e mesmo federais em todo o Brasil que "herdam" projetos inacabados ou a serem executados das administrações anteriores, na maioria das vezes por puro orgulho. Em Vitória, onde este fenômeno não é muito usual, há uma benéfica continuidade nas obras que acabam deixando os cidadãos mais realizados e felizes.

06 de novembro de 2020 - Ano XX - Edição  701

O “Ó” do Borogodó de Laranjeiras

Beira a ridículo o apelo a última peça publicitária da Prefeitura da Serra exibida na TV. O prefeito Audífax Barcelos (Rede Sustentabilidade) já havia manifestado sua preocupação num jornal sobre o seu temor de o prefeito eleito Sérgio Vidigal (PDT) não prosseguir a obra da chamada Rotatória do “O” de Laranjeiras, bem em frente ao Hospital Dr. Dório Silva. Na longa propaganda no fim de seu longo governo de 8 anos, o prefeito não teve espírito de economia e não poupou a verba pública. Além desta obra em andamento, a prefeitura destaca outras entregues e a serem concluídas, querendo talvez com isto, assinar realizações como deste governo que sai no futuro mandato de Vidigal que se inicia em janeiro de 2021.

Sobre o “O” do borogodó, ali está localizado um projeto de alta envergadura deixada por Sérgio Vidigal em seu último mandato (2008-2012), e que o próprio Audífax ignorou em sua importância para o município. Idealizado pelo maior arquiteto brasileiro e um dos melhores de todo o planeta, Oscar Niemayer, o projeto desprezado por Audífax nos seus dois mandatos é o Memorial Metropolitano, de 230 metros de diâmetro, com aproximadamente 41 mil metros quadrados, na confluência das avenidas Eudes Scherrer de Souza e Talma Rodrigues, onde estava previsto um grande teatro, mirante, memorial, museu do trabalho, biblioteca, arquivo público municipal, auditório e espaço comercial, com acessibilidade e espaços para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, além de sistemas de ar-condicionado central, captação e reaproveitamento de águas pluviais e aquecimento solar. O acesso ao Memorial seria pelo subsolo.

Audífax decidiu fazer outra obra priorizando o trânsito de veículos automotores, enquanto o projeto de Niemayer encomendado por Vidigal visava o aproveitamento do terreno altamente valorizado e estrategicamente localizado para o acesso e uso de pessoas, moradores ou não, inclusive turistas nacionais e internacionais que viriam atraídas não só pelas ofertas culturais e comerciais, como também para se deslumbrarem de mais uma obra do inesquecível e revolucionário arquiteto que construiu Brasília.

Se a opção do quase ex-prefeito Audífax pode diagnosticar uma possível miopia política, por outro lado, alerta a população para reagir a obras que só irão enriquecer as contas bancárias de construtoras ao invés de beneficiarem a população no presente e no futuro que nos bate à porta. É lógico que se Vidigal quiser mesmo dar andamento ao antigo e valoroso projeto do Memorial haverá de enfrentar dificuldades de toda ordem. Ainda assim, é melhor vislumbrar cidadãos sorrindo no futuro do que ficar ouvindo carros buzinando no mesmo lugar.


Aurélio Carlos Marques de Moura

JP 01235 - ES