terça-feira, 10 de novembro de 2020

 DIA DO PROFESSOR

Uma história que nem todos conhecem que mistura luta contra o racismo, valorização de educadores e da Educação

(Pesquisa em vários sítios)

 Como quase todo mundo sabe, o dia 15 de outubro foi proclamado pela UNESCO como Dia Mundial dos Professores, em 1994, para celebrar a aprovação, em 15 de outubro de 1966, a Recomendação da UNESCO / OIT sobre o Estatuto dos Professores, em cooperação com a OIT, numa conferência intergovernamental especial convocada pela UNESCO e realizada em Paris. O dia do professor é celebrado em todo o Brasil. Mas, quem é a extraordinária heroína brasileira que criou a data? Seus feitos, sua história? Sabem os professores e estudantes algo sobre ela? Ou será que esta personagem fantástica, mulher e negra, foi invisibilizada?

 Poucos sabem sobre uma professora negra de nome Antonieta de Barros, que foi uma parlamentar negra pioneira que criou o Dia do Professor.

 


Antonieta foi uma das três primeiras mulheres eleitas no Brasil naquela época, e sua bandeira política era o poder revolucionário e libertador da educação para todos. Está entre as três primeiras mulheres eleitas no Brasil. A única negra eleita em 1934 deputada estadual por Santa Catarina, mesmo ano que a médica Carlota Pereira de Queirós foi eleita deputada federal por São Paulo. Sete anos antes, Alzira Soriano havia sido eleita prefeita num pequeno município do Rio Grande do Norte, primeiro estado a permitir disputas femininas.

De acordo com a pesquisadora de Florianópolis, Aline Torres, “expoente da ideia ‘anárquica’ de que as mulheres deveriam ter direito ao voto, a bióloga Bertha Lutz trocou inúmeras cartas com Antonieta na década de 1930. Vale lembrar, Antonieta foi eleita menos de meio século após a abolição da escravatura e apenas dois do sufrágio — que deu às mulheres direito ao voto facultativo. Num país fortemente preconceituoso quanto à classe, cor e gênero tinha orgulho de sua história.

Antonieta nasceu em Desterro, como era chamada Florianópolis, no dia 11 de julho de 1901. A mãe era Catarina Waltrich, escrava liberta. No imaginário popular, a verdadeira paternidade estaria ligada à família Ramos, uma das mais tradicionais do Estado. A bandeira política de Antonieta era o poder revolucionário e libertador da educação para todos. O analfabetismo em Santa Catarina, em 1922, época que começou a lecionar era de 65%. Isso que o Estado, sobretudo pela presença alemã, aparecia com um dos índices mais altos de escolarização do país, seguidos por São Paulo.

Segundo conta Karla Leonora Dahse Nunes na sua dissertação de mestrado, Catarina teve três filhos e os sustentava como lavadeira, serviço comum às mulheres negras da época. Também teve, com a ajuda financeira de Vidal Ramos, uma pequena pensão para estudantes. Foram esses jovens que ensinaram as letras tardiamente para a curiosa Antonieta. Alfabetizada, mergulhou por conta própria no universo dos livros.

Professora formada, tinha 17 anos quando fundou o curso particular “Antonieta de Barros”, com o objetivo de combater o analfabetismo de adultos carentes. Sua crença era que a educação era a única arma capaz de libertar os desfavorecidos da servidão. Sua fama de excelente profissional, no entanto, fez com que lecionasse também para a elite nos Colégio Coração de Jesus, Dias Velho e Catarinense. Se existissem barreiras, lá estaria Antonieta para rompê-las.

Sua defesa acirrada pela educação fez com que ocupasse as páginas dos jornais. Além de professora, virou cronista. Não havia outra mulher em posição semelhante no Estado. Em 23 anos de contribuição à imprensa escreveu mais de mil artigos em oito veículos e criou a revista Vida Ilhoa.

De seus opositores nos jornais e nas bancadas, ouviu que “mulheres não deveriam opinar, pois nasceram para servir”, “que a natureza não dá saltos, cada ser deve conservar-se no seu setor, e a finalidade da mulher é ser mãe e ser rainha do lar” e que “não seguisse o exemplo de Anita Garibaldi, uma vagabunda”.

Mas aqueles homens brancos da elite oligárquica e política, não a intimidaram. Antonieta era forte, mulher de fibra. Não havia quem tivesse argumentos para calá-la. As calúnias eram rebatidas com intelecto e destreza nos artigos assinados sob pseudônimo Maria da Ilha. Sua caneta era afrontosa. Escrevia sobre educação, os desmandos políticos e a condição feminina. Dizia que as mulheres não deveriam ser virgens de ideias.

Honesta, enérgica e humana, era respeitada e admirada por seu espírito de justiça. Tinha voz numa época que as mulheres eram silenciadas. Escreveu dois capítulos da Constituição catarinense, sobre Educação e Cultura e Funcionalismo, até ser destituída do cargo pelo golpe de Getúlio Vargas.

Em 1937, publicou o livro Farrapos de Ideias. Os lucros da primeira edição foram doados para construção de uma escola para abrigar crianças, filhas de pais internados no leprosário Colônia Santa Tereza. A obra teve outras duas edições.

Uma das poucas frustrações da carreira de Antonieta foi não ter cursado o ensino superior. Seu sonho era a Faculdade de Direito, exclusiva para homens. Mas na política ela brilhou, foi eleita novamente em 1947. Desde sua vitória, apenas outras 15 mulheres ocuparam uma cadeira na Assembleia de Santa Catarina. Nenhuma negra. Antonieta ainda não teve herdeira de luta.

Por que 15 de outubro?

A primeira grande lei educacional do Brasil foi sancionada por dom Pedro I em 15 de outubro de 1827, um marco para a educação brasileira. A data era comemorada informalmente, mas foi um projeto de Antonieta a lei que criou o Dia do Professor e o feriado escolar nessa data (Lei Nº 145, de 12 de outubro de 1948), em Santa Catarina. A data seria oficializada no país inteiro somente 20 anos depois, em outubro de 1963, pelo presidente da República, João Goulart. Outras leis importantes foram concessões de bolsas de cursos superiores para alunos carentes e concursos para o magistério, para elevar o ensino público e evitar apadrinhamentos.

 “A grandeza da vida, a magnitude da vida, gira em torno da educação”, escreveu em seu livro. Seu nome deveria ser conhecido por cada criança que homenageia seus professores no dia 15 de outubro. Por cada mulher que exerce seu direito ao voto e disputa vagas nas eleições. Por fim, por cada brasileiro que sai às ruas indignado com os preconceitos de cor, classe e gênero.

 ARTIGOS PUBLICADOS NO JORNAL DA SERRA A TÍTULO DE COLABORAÇÃO

Aurélio Carlos Marques de Moura - Reg. MTb-DRT/ES 01235

Democracia Ainda Que Tardia

Li a reportagem do prefeito de Colatina, Sérgio Meneghelli, quando parte de minha admiração por ele foi perdida diante de suas declarações, quando afirmou que não irá dar posse ao seu sucessor. O problema é que me parece ter aí se manifestado uma personalidade egoísta e narcisista.

Ruas Privatizadas

“Passar a faixa”, senhor prefeito, faz parte do ‘jogo’ democrático. E ainda permite um momento, um último momento, em que o prefeito que deixa o cargo faça um balanço de sua atuação perante os seus concidadãos. Lamentável sua posição. Esperemos que reflita e volte atrás nessa triste decisão. Democracia ainda que tardia...

30 de outubro de 2020 - Ano XX - Edição  697

Projeto memorial é abandonado na Serra

Projetado pelo maior arquiteto brasileiro e reconhecido internacionalmente, Oscar Niemayer, o então Memorial Metropolitano apresentado ainda durante o último governo de Sérgio Vidigal (PDT), entre 2004 e 2008, parece ter sido definitivamente abandonado pelo atual governo do prefeito Audífax Barcelos (Rede), que deixa o poder no final deste ano.

O terreno previsto para a implantação do projeto seria na rotatória do Bairro Parque Residencial de Laranjeiras, de 230 metros de diâmetro, com aproximadamente 41 mil metros quadrados, na confluência das avenidas Eudes Scherrer de Souza e Talma Rodrigues, que dá acesso ao Centro Industrial de Vitória e Avenida Paulo Pereira Gomes, ligando à rodovia litorânea ES-010, passando por grandes áreas de expansão imobiliária do município, e dois grandes hospitais estaduais: Jayme Santos Neves e Dr. Dório Silva.

Uma obra no local sinaliza que o prefeito Audífax não quis dar continuidade ao sonho dos moradores do município, principalmente artistas e produtores, pois ali, de acordo com o projeto, teria um grande teatro, mirante, memorial, museu do trabalho, biblioteca, arquivo público municipal, auditório e espaço comercial, com acessibilidade e espaços para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, além de sistemas de ar-condicionado central, captação e reaproveitamento de águas pluviais e aquecimento solar. O acesso ao Memorial seria pelo subsolo.

A Administração da época deixou pronto o projeto conceitual, mas o projeto final ainda precisaria ser concluído, e a obra apresentava um valor preliminar estimado de R$ 70 milhões, segundo afirmou a secretária de Desenvolvimento Urbano (Sedur) na época, Ana Márcia Erler.

A descontinuidade de projetos importantes - e geralmente de longa duração - para a Cidade é um dos principais entraves ao desenvolvimento causados pelos administradores municipais, estaduais e mesmo federais em todo o Brasil que "herdam" projetos inacabados ou a serem executados das administrações anteriores, na maioria das vezes por puro orgulho. Em Vitória, onde este fenômeno não é muito usual, há uma benéfica continuidade nas obras que acabam deixando os cidadãos mais realizados e felizes.

06 de novembro de 2020 - Ano XX - Edição  701

O “Ó” do Borogodó de Laranjeiras

Beira a ridículo o apelo a última peça publicitária da Prefeitura da Serra exibida na TV. O prefeito Audífax Barcelos (Rede Sustentabilidade) já havia manifestado sua preocupação num jornal sobre o seu temor de o prefeito eleito Sérgio Vidigal (PDT) não prosseguir a obra da chamada Rotatória do “O” de Laranjeiras, bem em frente ao Hospital Dr. Dório Silva. Na longa propaganda no fim de seu longo governo de 8 anos, o prefeito não teve espírito de economia e não poupou a verba pública. Além desta obra em andamento, a prefeitura destaca outras entregues e a serem concluídas, querendo talvez com isto, assinar realizações como deste governo que sai no futuro mandato de Vidigal que se inicia em janeiro de 2021.

Sobre o “O” do borogodó, ali está localizado um projeto de alta envergadura deixada por Sérgio Vidigal em seu último mandato (2008-2012), e que o próprio Audífax ignorou em sua importância para o município. Idealizado pelo maior arquiteto brasileiro e um dos melhores de todo o planeta, Oscar Niemayer, o projeto desprezado por Audífax nos seus dois mandatos é o Memorial Metropolitano, de 230 metros de diâmetro, com aproximadamente 41 mil metros quadrados, na confluência das avenidas Eudes Scherrer de Souza e Talma Rodrigues, onde estava previsto um grande teatro, mirante, memorial, museu do trabalho, biblioteca, arquivo público municipal, auditório e espaço comercial, com acessibilidade e espaços para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, além de sistemas de ar-condicionado central, captação e reaproveitamento de águas pluviais e aquecimento solar. O acesso ao Memorial seria pelo subsolo.

Audífax decidiu fazer outra obra priorizando o trânsito de veículos automotores, enquanto o projeto de Niemayer encomendado por Vidigal visava o aproveitamento do terreno altamente valorizado e estrategicamente localizado para o acesso e uso de pessoas, moradores ou não, inclusive turistas nacionais e internacionais que viriam atraídas não só pelas ofertas culturais e comerciais, como também para se deslumbrarem de mais uma obra do inesquecível e revolucionário arquiteto que construiu Brasília.

Se a opção do quase ex-prefeito Audífax pode diagnosticar uma possível miopia política, por outro lado, alerta a população para reagir a obras que só irão enriquecer as contas bancárias de construtoras ao invés de beneficiarem a população no presente e no futuro que nos bate à porta. É lógico que se Vidigal quiser mesmo dar andamento ao antigo e valoroso projeto do Memorial haverá de enfrentar dificuldades de toda ordem. Ainda assim, é melhor vislumbrar cidadãos sorrindo no futuro do que ficar ouvindo carros buzinando no mesmo lugar.


Aurélio Carlos Marques de Moura

JP 01235 - ES

 





sexta-feira, 24 de abril de 2020


22 de abril: Quase ninguém se lembrou...
De acordo com o Calendário Oficial do País, no dia 22 de abril é comemorado – ou deveria ser - o “Descobrimento do Brasil” e o “Dia Internacional da Terra”. As denominadas grandes mídias de todo o Brasil praticamente se omitiram em seus noticiários. Por que será?
O Dia da Terra, também chamado de Dia do Planeta Terra. A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura - Unesco intitula esta data como "Dia Internacional da Mãe Terra",  comemorado anualmente em 22 de abril, em todo planeta, para refletirmos sobre como podemos colaborar para proteger a Terra, principalmente nesses tempos em que alguns mandatários de países, como o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que nega a existência – contrariando a ciência – das conseqüências do chamado ‘efeito estufa’, originado principalmente pela poluição do ar na emissão de gases que está provocando o aquecimento global, responsável pelo acelerado degelo dos polos, grandes secas e ou enchentes imprevisíveis, ou seja, um grande descontrole climático 

.Cartaz da NASA em comemoração aos 50 anos do Dia Internacional da Terra

O Dia da Terra foi comemorado pela primeira vez nos Estados Unidos, no dia 22 de abril de 1970. No primeiro "Dia da Terra", o senador americano Gaylord Nelson (1916-2005) organizou um fórum ambiental que chamou a atenção de 20 milhões de participantes. Atualmente, o Dia da Terra é comemorado por aproximadamente mais de 500 milhões de pessoas ao redor de todo o mundo. Aqui no Brasil a data passou despercebida pelos órgãos oficiais, jornais tv’s, rádios, e até na WEB, num momento sensível de intensos debates sobre o meio ambiente planetário, que passou recentemente por grandes incêndios florestais nos Estados Unidos e na Austrália, e aqui no Brasil, notadamente, a destruição da Amazônia, vítima de desmatamento, mineração e ocupações ilegais, ocasionando incêndios (criminosos ou não) praticamente descontrolados, que dizimaram imensas áreas do ‘pulmão do mundo’.
Na verdade, tudo isto é fruto da incontrolável e insaciável ‘apetite’ dos ricos, afortunados investidores e empresários por mais e mais lucros, não levando em conta que os bens naturais não são inesgotáveis, como já se imaginava lá no início do Sistema Capitalista como Modo de Produção. Mas, a procura incessante por mais-valia (lucro) fez e faz com esses releguem a importância da Natureza, da Mãe Terra, tanto agora como para o futuro de toda a humanidade. A natureza reage dando sinais fortes que não consegue mais conter tamanha ignorância.
A data representa a luta em defesa do meio ambiente, promove a reflexão sobre a importância do planeta e o desenvolvimento de uma consciência ambiental. O planeta Terra é nossa casa. Vale lembrar a frase atribuída ao cacique Seattle, chefe dos Índios Suquamish, numa carta dirigida ao então presidente dos Estados Unidos, que passaria a ocupar doravante para exploração as terras onde vivia sua derrotada tribo, em 1855: “Quando a última árvore cair, derrubada; quando o último rio for envenenado; quando o último peixe for pescado, só então nos daremos conta de que dinheiro é coisa que não se come”.
Descobrimento do Brasil
É também no dia 22 de abril que deveríamos – nós, brasileiros – comemorar do Descobrimento do Brasil, fato ocorrido no ano de 1500, pelo português Pedro Álvares Cabral, quando comandava uma esquadra que atravessou o Atlântico, composta por três caravelas vindas de Portugal, no Continente Europeu. D ‘além mar, diriam eles.



Segundo a carta de Pero Vaz de caminha enviada ao rei de Portugal informando sobre o ‘achamento’ da denominada “Ilha de Vera Cruz”, logo depois corrigido ao se depararem com a extensão da ‘ilha’ para “Terra de Vera Cruz”. Os índios que os receberam eram pacíficos e não os confrontaram em nenhum momento. Segundo cálculos não muito precisos, estima-se que já viviam no Brasil, naquela época, cerca 5 milhões de índios, espalhados por todo o território que é hoje.
Pedro Álvares não ficou muito tempo, partiu a 2 de maio rumo as Índias em busca de especiarias, deixando dois degredados portugueses na terra para aprenderem a língua e os costumes desses índios.
As 13 caravelas de Cabral chegaram às futuras terras brasileiras pelo litoral da Bahia, numa região mais segura onde eles aportaram e que hoje pertence ao município de Santa Cruz de Cabrália.
Em terra firme, realizaram uma missa. Era a época da Páscoa e a celebração pascal foi dirigida por Frei Henrique de Coimbra, oficializando a descoberta do Brasil e a tomada material da terra pela Coroa Portuguesa.
Contudo, essa viagem até hoje não é bem explicada, porque os relatos oficiais contam que a esquadra de Cabral partiu de Portugal em direção às Índias, em busca de especiarias. Por que então os navegadores saíram da rota inicial e passaram a navegar pelo Atlântico, também chamado de “oceano longo”?  Muito provavelmente não foi por acaso que aqui se aportaram, pois além de Cabral, nessa viagem também estavam navegadores experientes, como Bartolomeu Dias, o primeiro explorador português a dobrar o Cabo da Boa Esperança e a atingir o Oceano Índico.
Julga-se que as cartas de Pero Vaz de Caminha, que descreveram a nova terra e toda a viagem, não continham espírito de surpresa em avistar o território, e nem fala sobre os motivos do desvio da rota, depois de pouco mais de um mês de viagem e aproximadamente 3.600 quilômetros percorridos de forma “imprevista”.
Existem, de fato, relatos que de que Cabral não tenha sido o primeiro europeu a chegar por aqui. Basicamente, em 1498, dois anos antes dele; o comandante Duarte Pacheco Pereira teria chegado ao Brasil pelo litoral Norte e teria explorado parte das terras brasileiras hoje referentes aos Estados do Pará e do Maranhão. Essa descoberta teria sido mantida em segredos, por interesses do rei Dom Manuel, então rei de Portugal. A disputa na conquista de novas terras era ferrenha entre os países mais desenvolvidos na arte de navegação daquela época.
O rei de Portugal na época tinha consciência da missão de Duarte Pacheco e sabia da chegada de Colombo ao Caribe. Sem contar que as viagens de Vasco da Gama tratavam sobre indícios de terra firme no trajeto da Índia pelo Atlântico, apesar de as rotas usadas pela navegação fossem mantidas em sigilo total. De forma geral, isso garantia a supremacia e os interesses comerciais da nação que as comandavam. Por causa disso, a ideia do descobrimento do Brasil ser acidental perde ainda mais força.
Passado um período de aproximadamente 30 anos, os portugueses usavam a mão de obra indígena para a extração do pau-brasil, madeira avermelhada muito cobiçada na Europa para tingir tecidos. Como havia uma ‘infinita’ quantidade de pau-brasil, inspirou a mudança de nome que passou a se chamar no futuro apenas Brasil.
Devido ao roubo do pau-brasil pelos corsários, que comercializavam a madeira de forma ilegal na Europa, a Coroa enviou homem para colonizar a terra, porque também corria risco que estrangeiros ocupassem definitivamente a terra. E houve mesmo algumas tentativas.
Os portugueses já não queriam mais somente catequizar os indígenas, e sim escravizá-los, a fim de exercerem total dominação das terras, mas isso não funcionou de acordo com os seus propósitos e daí foi preciso trazer os escravos da África.
Na exploração do território, os colonizadores abandonaram mais tarde a exportação de pau-brasil – já exaurido, que passou a ser o plantio da cana-de-açúcar e os valiosos minérios da nova terra.
E aí começa uma nova história. Que não pode ser esquecida. Os primórdios da colonização do Brasil pelos portugueses, seguida da já exercida ocupação das diferentes etnias e nações de índios, logo depois acrescida da chegada dos negros trazidos como escravos da África como mão de obra, revelam não só as origens do nosso povo, mas também podemos entender melhor nossos costumes, traços culturais, enfim, nosso jeito de ser. Menosprezar ou esquecer a data do Descobrimento do Brasil é mais uma dessas atitudes que estão levando principalmente nossa juventude à falta de patriotismo, por exemplo. O amor pela Pátria deve ser estimulado pelos pais, escolas e poderes públicos, estimulando e alimentado os brasileiros a se conhecerem e se respeitarem muito mais. 


Obs.: Imagens extraídas na WEB sem autoria conhecida


terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Despedida do trema

O texto abaixo chegou por e-mail - sem autoria. Mas, gostei tanto que ouso publicá-lo.

Despedida do trema




Estou indo embora. Não há mais lugar para mim. Eu sou o trema.Você pode nunca ter reparado em mim, mas eu estava sempre ali, na Anhangüera, nos aqüíferos, nas lingüiças e seus trocadilhos por mais de quatrocentos e cinqüenta anos.
Mas os tempos mudaram. Inventaram uma tal de reforma ortográfica e eu simplesmente tô fora. Fui expulso pra sempre do dicionário. Seus ingratos! Isso é uma delinqüência de lingüistas grandiloqüentes!...
O resto dos pontos e o alfabeto não me deram o menor apoio... A letra U se disse aliviada porque vou finalmente sair de cima dela. Os dois pontos disse que sou um preguiçoso que trabalha deitado enquanto ele fica em pé.
Até o cedilha foi a favor da minha expulsão, aquele C cagão que fica se passando por S e nunca tem coragem de iniciar uma palavra. E também tem aquele obeso do O e o anoréxico do I. Desesperado, tentei chamar o ponto final pra trabalharmos juntos, fazendo um bico de reticências, mas ele negou, sempre encerrando logo todas as discussões. Será que se deixar um topete moicano posso me passar por aspas?... A verdade é que estou fora de moda. Quem está na moda são os estrangeiros, é o K, o W "Kkk" pra cá, "www" pra lá.
Até o jogo da velha, que ninguém nunca ligou, virou celebridade nesse tal de Twitter, que aliás, deveria se chamar TÜITER. Chega de argüição, mas estejam certos, seus moderninhos: haverá conseqüências! Chega de piadinhas dizendo que estou "tremendo" de medo. Tudo bem, vou-me embora da língua portuguesa. Foi bom enquanto durou. Vou para o alemão, lá eles adoram os tremas. E um dia vocês sentirão saudades. E não vão agüentar!...
Nos vemos nos livros antigos. Saio da língua para entrar na história.

Adeus,
Trema.

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Três momentos e uma oração


São Simão, Goiás. Estávamos no ano de 1973. Meu pai trabalhava no consórcio ítalo-brasileiro que construía uma usina hidrelétrica naquela cidade. Foi quando conheci a freira norte-americana Katherine Marie Popowich (acho que é assim que se escreve... faz tanto tempo!). Junto com a irmã Catarina, nome aportuguesado adotado por ela, os padres irlandeses Daniel e Martin. Eu era então um dos líderes da Juventude Católica e confesso que até hoje sofro influência dessas pessoas que me pastorearam durante o tempo em que morei em Goiás. Por intermédio delas fiz “encontrão” de jovens e até um TLC – Treinamento de Lideranças Cristãs. Quisera ter aprendido tudo que me passaram.
A irmã Catarina só errou numa coisa: vislumbrava para mim um futuro artístico. Não deu certo. Entretanto, ao presentear-me com uma bíblia – que eu li no decurso de mais ou menos três anos – escreveu uma pequena oração que não guardo mais de cor, mas lembro-me de seus três momentos dirigidos ao Senhor.
O primeiro pede-se Coragem para enfrentar os desafios da vida e para mudar as coisas que devem e precisam ser mudadas. Imaginei um dia que poderíamos fazer isto com o Brasil e fui à luta. De fato, muita coisa mudou. Conquistamos a “anistia ampla, geral e irrestrita”, a redemocratização e junto, as eleições diretas, e ainda uma nova Carta Magna. Queríamos muito mais. Mas, o tempo está passando, e confesso que junto vão minguando minhas esperanças. Fui vencido. O sonho do socialismo desmoronou junto com a União Soviética e hoje se esconde sob os escombros do Muro de Berlim. Contudo, ainda não morreu a utopia. Sem ela, o que seria de mim?
Outras mudanças são demandadas pela própria vida, e essas vão acontecendo tão sorrateiramente que a gente só se dá conta que mudamos quando já estão em curso novas e necessárias mudanças. É assim comigo. E não sei se mudei pela coragem ou se foi pela necessidade. Mudei e quero e preciso realizar novas mudanças. Daí vem-me à memória o segundo momento.
O segundo momento da oração pede Paciência e abnegação para aceitar as coisas que a gente não consegue mudar. Acho que é o meu exercício atual. Um sacrifício em face do afã mudancista da minha juventude e um aprendizado no engatinhar da meia-idade. Uma contradição, eu sei, mas prefiro pensar assim. Sofre-se menos.
Mas o terceiro momento exige uma imensa reflexão. Pede-se Sabedoria para distinguir os dois primeiros. E aí, todas as minhas convicções anteriores se desvanecem. O que fazer? Agitar, gritar, lutar ou simplesmente depor as armas e esperar?
Não sei ao certo. No caminhar da humanidade, valores dantes considerados até atávicos pela sua própria natureza deram lugar a outros que não considero valores. Combater ou abnegar? Até onde estou certo e aonde começam ou meus erros? O quanto já fiz e o quanto ainda tenho a fazer?
Que os meus pastores do tempo de Goiás se compadeçam com sua ovelha. Não fui o artista que esperavam que eu fosse. Tampouco um bom exemplar de seu rebanho, como eu próprio gostaria de ter sido. Tenho tentado compreender esses três momentos enquanto o tempo passa e um futuro incerto me espera depois da curva do rio.

PS.: Estamos agora no ano de 2020. Eu queria muito saber sobre a irmã Katherine que mencionei no início do texto. Como temia, depois de muita pesquisa na Internet, localizei a notícia de sua morte, ocorrida em Goiânia, no dia 9 de abril de 2012. 

Irmã Katherine foi uma das fundadoras da missão das Irmãs de São José de Rochester no Brasil. Chegou ao Brasil no ano de 1964, em resposta ao chamado do Papa João XXIII, que convidou Congregações Religiosas a enviar Irmãs para servir na América Latina. Durante 48 anos, Ir. Katherine conviveu com o povo em Paranaiguara, São Simão, Cachoeira Alta, Goiânia, Goiás e Uberlândia, MG. Com o seu grande amor pela Congregação, iniciou os encontros nacionais e internacionais das Irmãs de São José, serviu como membro da diretoria da CRB Regional (Conferencia dos Religiosos no Brasil), em Goiânia, nos anos 90. Foi sepultada no Cemitério Vale do Cerrado,em Goiânia aos 84 anos de idade.Que Deus a tenha e abençoada seja na eternidade! Obrigado por tudo, Irmã!

terça-feira, 10 de julho de 2007

À sombra dos 50

Ousei! Ouso hoje escrever as primeiras linhas deste blog. Temi. Temi mas venci o medo. Quem sou eu?
Foi o professor (dileto amigo) José Roberto Pinto de Góes quem “batizou” este blog de Diário do Marquês. Uma referência nada compatível com o meu Marques de Moura. Aceitei. Confesso que gostei da idéia, apesar da pretensão. O “Zé” sempre me compreende nas entrelinhas do meu universo nada previsível.
Estou a completar os meus 50. Cinqüenta anos de idade. Meu Deus! Quanto tempo, meio século de vida. Diziam-me que este seria um ano muito bom para mim. O final “7” corroborava com o mito. Afinal, nasci em 27 do 7 de 1957. Tudo finalizado em “7”. E viveria muito bem o 2007.
Não foi bem assim.
Perdi meu pai em 27 (final 7) de janeiro deste ano, a quem devoto os tributos da minha ousadia de escrever. Depois, perdi um primo querido – doutor e professor de geofísica da Universidade Federal do Rio de Janeiro – Jadir Conceição da Silva - que muito tinha ainda a produzir no cenário técnico-científico no cenário acadêmico brasileiro. Pena! Perco eu, perde minha família e perde o País.
Não o bastante, tive outra perda. Esta eu não posso revelar. Só os amigos o sabem. Junto, muitas esperanças. Hei de recuperar-me, talvez. É assim a vida. Pode levar tempo. As lembranças hão de ficar. A saudade há de me insinuar, mas levarei a vida à frente. Vencerei? Não sei. Só o tempo dirá.
A sombra dos 50 me encobre o tempo inteiro nas passagens da hora. E às vezes me assombra. Quero me esgueirar e gritar um grito dos meus tempos da juventude, mas não consigo. Lutei! Lutei! Lutei pela anistia, pela redemocratização, pelo socialismo, pelo comunismo, pelo amor, pela paz. Mas lutei.
Eu vi a curva do vento que me trazia esperança. Eu vi o povo lutando por suas esperanças. Eu vi o Brasil votar com sonhos outrora esquecidos. Eu vi tantas coisas que já nem me lembro mais. Mas também vi o Muro de Berlim cair sobre minha cabeça. Esperanças perdidas. Inflexões extemporâneas nada adiantaram. O muro caiu.
Novo tempo, um novo tempo. Um novo sol há de brilhar no horizonte ao novo amanhecer. Estou à deriva neste mar de idéias, de um mundo que não concebia. Estou “meio que perdido”, como se diz agora, nesses novos tempos.
Decidi me dedicar à minha “Serra da Esperança”. O município da Serra, aqui no coração do Espírito Santo. A Serra que eu conheci vindo de Minas Gerais há exatamente 31 anos. Hoje sou “Cidadão Serrano” e ainda “Cidadão Espírito-Santense”. Títulos que me dão muito orgulho. Fruto das minhas lutas e também das minhas desventuras nesta terra onde a mistura étnica é mais contundente e construtiva que em qualquer outro estado brasileiro.
Afro-brasileiros, índios, italianos, italianos, alemães, pomeranos, luxemburgueses, suíços, um verdadeiro “caldeirão” étnico que nos faz diferenciados e, ao mesmo tempo, igualitários no torrão que nos acolheu e nos embalou em sonhos de prosperidade.
Doce palavra: igualdade! Igualdade em esperanças de ver um País melhor e mais justo. É assim que começo o meu blog. Recheado de sentimentos íntimos muitas vezes não perceptíveis ou não compreendidos pelos visitantes.
Mas é assim que começo um novo começo, como disse Drummond, “na vida de minhas retinas tão fatigadas”. Algo assim. Só pra começar esse novo começo. Uma tentativa de renascer das cinzas. E tentar viver e seguir em frente. Apesar de tudo.